segunda-feira, 2 de março de 2009

HSBC tem prejuizo e demite

Lucro do HSBC cai 70% e banco demite e anuncia capitalização com ações vendidas com 47,5% de desconto

O HSBC Holdings divulgou nesta segunda-feira, 2, uma queda de 70% no seu lucro em 2008, comparado a 2007. Com isso o banco anunciou um plano de ajuste que inclui uma operação de capitalização para levantar US$ 17,75 bilhões, com vendas de ações com desconto de 47,5% sobre a cotação de sexta-feira. Além disso, a instituição vai se desfazer da Finance Corp, unidade de crédito ao consumidor nos Estados Unidos, principal culpada, segundo o HSBC, pela deterioração do lucro, o que acarretará a demissão de 6,1 mil pessoas nos EUA. No Brasil, foi descartada a demissão de funcionários.

Ao contrário do que ocorreu com o grupo, o HSBC Bank Brasil obteve, em 2008, o maior lucro líquido no país desde o início de suas operações, em 26 de março de 1997. Houve crescimento de R$ 1,35 bilhão, o que representa um crescimento de 9% em relação a 2007. O ativo total aumentou 58%, avançando de R$ 70,75 bilhões para R$ 112,1 bilhões. Mas o retorno sobre o patrimônio caiu de 26,95% para 24,34% no período, em razão de provisões para os planos econômicos e para o crédito.

Shaun Wallis, presidente e CEO do HSBC Bank Brasil, explicou: "Em 2008, continuamos a aumentar nosso capital, adotando uma política conservadora em face ao cenário econômico global. Continuamos a ver o crescimento do ativo total, devido à nossa forte capacidade de captação de depósitos, e a manutenção de confortável nível de liquidez. Estivemos sempre abertos para negócios, buscando oferecer aos nossos 10 milhões de clientes soluções financeiras adequadas". Wallis afirmou, no entanto, que o atual "período é de incertezas", por isso o banco precisa controlar seus gastos no Brasil. Como a instituição atua globalmente, o executivo disse que foi possível perceber em meados do ano passado a gravidade da situação no mundo, diante dos problemas nos Estados Unidos e na Europa. "Nós pudermos ver o que estava acontecendo."

O lucro líquido do HSBC no mundo em 2008 caiu para US$ 5,73 bilhões, de US$ 19,13 bilhões no ano anterior. Analistas consultados pela Dow Jones esperavam lucro líquido de US$ 14,11 bilhões. O banco, o único que vinha resistindo a uma captação desde o começo da crise de crédito, há 18 meses, disse que manterá sua "força financeira característica" e intensificará a habilidade de "responder a eventos imprevistos" com o aumento de capital.

O diretor financeiro, Douglas Flint, disse que o banco decidiu levantar capital à luz da acentuada deterioração dos mercados no quarto trimestre.

Emissão de ações
O banco emitirá cinco ações para cada 12 que os acionistas possuem, a 254 centavos de libra por ação, o que representa um desconto de 45,7% sobre o preço de fechamento de sexta-feira. A emissão de direitos foi totalmente subscrita pelo Goldman Sachs, JP Morgan e outros.
O plano foi mal recebido pelo mercado financeiro. Às 8h04 (de Brasília), as ações do HSBC caíam 15%. A ação já perdeu cerca de 42% nos últimos 12 meses, uma performance melhor que todos os bancos sediados no Reino Unido.

Para 2009, o banco está recalculando o dividendo pago aos acionistas nos primeiros três trimestres para US$ 0,08, ante US$ 0,18 nos primeiros três trimestres de 2008, para "refletir o impacto do maior capital votante depois da emissão de direitos que anunciamos hoje, prevalecendo as condições de negócios e exigências de capital". Um porta-voz disse que a revisão do dividendo resultará em uma economia para o banco de cerca de US$ 2,9 bilhões em relação ao ano passado.

"Com boa parte dos mercados desenvolvidos em recessão e os mercados emergentes desacelerando acentuadamente, vemos níveis cada vez maiores de nervosismo tanto no portfólio do consumidor quanto no comercial", disse o executivo-chefe, Michael Geoghegan. O presidente do conselho, Stephen Green, acrescentou que os próximos 12 meses serão difíceis e que o desemprego aumentará em 2009 e 2010 tanto nos EUA quanto no Reino Unido.
"Devemos lembrar que os EUA são o condutor da economia global e o crescimento global depende da recuperação dos EUA", afirmou Green.

Fechamento de financeira nos EUA
O HSBC Holdings informou que se arrependeu da sua incursão nos negócios de finanças ao consumidor nos EUA e decidiu acabar com essas operações, o que provocou uma baixa contábil no valor de aviamento de US$ 10,6 bilhões e a perda de cerca de 6,1 mil empregos. O banco manterá os negócios de cartão de crédito nos EUA.

O presidente do conselho disse que o banco se arrependeu da aquisição da Finance Corp, nos EUA, em 2003. O banco não vai mais originar novos empréstimos ao consumidor na unidade, por meio das marcas HFC e Beneficial, fechando a maioria das agências, mas continuará atendendo os empréstimos que já estão no portfólio. O portfólio será reduzido conforme os clientes pagam os empréstimos.

O executivo-chefe, Michael Geoghegan, disse que o banco espera ter de injetar mais capital na unidade Finance Corp - no ano passado, as injeções líquidas somaram cerca de US$ 500 milhões. O banco já havia reduzido os empréstimos hipotecários e para compra de automóveis da unidade no primeiro trimestre de 2007 e agora vai aplicar a mesma estratégia para os empréstimos ao consumidor assegurados por imóveis e empréstimos pessoais não ligados a cartões de crédito.

Fonte: Agência Estado

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